Setor siderúrgico vê retomada da demanda na América Latina, mas com cautela
A expectativa é de uma queda de 14% no consumo aparente na América Latina e de um recuo de 15% na produção segundo a Alacero,
O setor siderúrgico da América Latina acredita que o próximo ano deverá ser de consolidação da recuperação de 2020, mas com cautela. Durante o painel dos CEOS no Congresso Alacero 2020, foi um consenso entre os executivos de que a demanda por aço nos países da região está retomando em “V”, em alguns mercados até com mais força, como no Brasil.
Neste ano, a expectativa é de uma queda de 14% no consumo aparente na América Latina e de um recuo de 15% na produção segundo a Alacero, entidade que reúne as siderúrgicas na região.
Segundo o presidente da Ternium, Máximo Vedoya, a recuperação na região está melhor do que se imaginava, isso porque há um movimento de recomposição de estoques aliado a uma demanda crescente nos mercados.
“Para 2021 sou moderadamente otimista. Depois de uma crise tão violenta vemos recuperação em todos os países, no Brasil de forma mais rápida. Os estoques diminuíram e agora é o momento de recomposição, mas a demanda esta crescendo. Estou moderadamente otimista porque ainda não saímos da pandemia, há a possibilidade de uma segunda onda, mas já vislumbramos uma vacina”, disse Vedoya.
Jefferson de Paula, presidente da ArcelorMittal Aços Longos, existem alguns pontos que não dependem de estímulos dos governos da região. Assim como Vedoya, De Paula também acredita em um ano de recuperação, mas essa estimativa é mais cautelosa.
“Tem que ter cautela para o ano que vem. Existem alguns pontos que não dependem dos países como a segunda onda, a vacina que deve ser aprovada em 2021. A construção civil está voltando e isso pode ajudar a retomada da demanda, principalmente no Brasil”, disse De Paula.
O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, é menos cauteloso quando o assunto é a recuperação do mercado em 2021, principalmente o brasileiro. O executivo reafirmou que a estimativa é de um crescimento de 6% a 8% no consumo aparente de aço no Brasil no próximo ano.
“No curto prazo tenho um otimismo muito grande. Há uma recuperação em ‘V’ e vai continuar até o final do primeiro trimestre do ano que vem. Em 2021, há fundamentos na economia para crescer o consumo de 6% a 8% no Brasil”, disse.
No médio prazo, no entanto, Werneck vê com preocupação essa retomada do setor siderúrgico no Brasil. Segundo ele, se por um lado o governo tem estruturado iniciativas para sustentar esse consumo, como o marco saneamento, há dificuldades estruturais no país.