Todas as montadoras do País já voltaram a produzir
Com o anúncio feito pela Honda na última segunda-feira, 13, de que retomou as atividades em suas fábricas de Sumaré e Itirapina, no interior paulista, já não há mais nenhuma montadora instalada no país com a operação paralisada devido à pandemia de Covid-19. As unidades da Honda eram as duas únicas plantas de produção de veículos no Brasil ainda nesta situação.
Cada montadora estabeleceu o próprio cronograma de paralisação e retomada. Fabricantes de caminhões e máquinas agrícolas, por exemplo, ficaram parados durante apenas um mês, enquanto a Honda permaneceu com as linhas de produção inativas praticamente durante quatro meses, limitando-se, neste período, a fabricar componentes de motores para o mercado externo.
Antes da Honda, as últimas montadoras a retomarem as atividades foram a Toyota e a PSA Peugeot, respectivamente nos dias 22 e 23 de junho – há quase um mês, portanto. Como a Honda neste momento, os fabricantes de modo geral reativaram gradualmente as linhas de produção, para adaptá-las aos protocolos de saúde e segurança adotados globalmente pelas marcas, e que visam proteger o trabalhador durante a jornada e no traslado de casa para o trabalho.
Diga-se que a proximidade da data de retorno do conjunto das montadoras a uma produção mais ou menos normal foi largamente superestimada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a Anfavea.
De fato, o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, previa no final de abril que todas as montadoras iriam voltar a produzir carros até o começo de junho. Não foi, como se vê agora, o que aconteceu. Esta prolongada paralisação trouxe consequências bastante negativas para o setor, que vive hoje uma crise ainda pior do que as das décadas de 1980 e 90 e a de 2015-16.
Produção pela metade – Segundo a Anfavea, devido especialmente à pandemia, a produção acumulada nos seis primeiros meses deste ano foi de 729,5 mil veículos. O número representa queda de 50,5% na comparação com o primeiro semestre de 2019. A situação, na verdade, foi se estabilizando gradualmente à medida que o semestre avançava – em junho, a produção, de 98,7 mil unidades, foi 129,1% superior à de maio -, mas ainda muito distante do registrado em julho do ano passado, exatos 57,7%.
Esses números ruins e a baixa expectativa quanto ao desempenho da economia no segundo semestre faz com que a associação projete uma produção de 1.630 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2020, volume 45% inferior ao de 2019. “É uma estimativa dramática, sim, mas realista”, disse o presidente da Anfavea, reconhecendo o tamanho do estrago provocado pelo coronavírus, e que, naturalmente, afetará também as vendas ao longo do ano.
A entidade projeta vendas de 1.675 milhão de unidades em 2020, queda de 40% diante do ano passado, com 200 mil unidades exportadas, redução de 53% na comparação com 2019, já considerando a variação de estoques e as importações de veículos. As vendas muito fracas no primeiro semestre justificam este pessimismo. Foram licenciados no período 808,8 mil veículos, recuo de 38,2% sobre o mesmo semestre de 2019. As exportações totalizaram 119,5 mil no semestre, queda de 46,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
A ironia é que esta drástica redução de expectativas vem em um ano em que as empresas projetavam crescimento de quase 10%. Luiz Carlos Moraes admitiu que talvez apenas em 2025 o setor retorne aos níveis de 2019.
FONTE:
USINAGEM BRASIL